quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ESTÃO CRESCENDO!!!


Alegria de mãe babona: 

Desde Domingo, dia 31 de Julho de 2011, meus filhotes estão dormindo sozinhos!!!

É só auxiliá-los a escovar os dentes e vestir os pijamas, acompanhá-los até o quarto...
Depois que cada um está em sua caminha, dar um mega beijo de "boa noite", deixar o celular tocando músicas, apagar a luz e sair!





Trilha sonora para a hora do sono:


Turma do Cocoricó


" ... Quem canta não tem medo do escuro
Não tem medo de assombração.
Quem canta tem um coração tranquilo,
Dorme,oh oh
Ao som do baião,oh oh oh oh."


Baião Balão [Hélio Ziskind]



#tãocrescendo

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

MINUTOS MINÚSCULOS EXTREMAMENTE IMPORTANTES



Sexta-feira, dia 29 de Julho, foi o meu grande dia de peregrinação pela cidade de São Paulo. Por que peregrinação? Oras, imagine o percurso do Bairro de Pirituba até o Bairro do Ibirapuera. Mas detalhe: de transporte público, precisamente ônibus. Sim, ônibus, três linhas: 8538 – Correio / Freguesia do Ó, 917M – Ana Rosa / Morro Grande, 675N-10 Santo Amaro / Ana Rosa. Quase uns 200 km e umas 2h30min dentro de “busões”.
Todo este percurso para levar minha pequena Rebecca até o IAMSPEInstituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual - onde ela faz o tratamento para melhoria e redução das sequelas do acidente ocorrido quando ela era recém nascida (em outros posts explorarei o assunto).
Bom, acho que não preciso comentar o estresse que é. Além de longe e cansativo, tem o pequeno detalhe de estar levando uma criança de 03 anos, que não compreende exatamente o que está acontecendo, quer descer do ônibus a todo o momento e a todo o momento quer voltar para a casa. E eu me aguento como posso, já que se eu não tenho culpa de todo o transtorno, minha pequena menos ainda. E eu conto até 10, até 100, até 1000 se preciso for. E canto todo o repertório do Cocoricó e faço carinho e acaricio suas madeixas de mola e tento distraí-la mostrando a paisagem (maravilhosa por sinal: carro, mais ônibus, caminhão, fumaça, lixo na rua, gente estressada e por aí vai) e ligo o celular com as músicas preferidas dela e dou bala e a gente acaba trocando idéia com todos os passageiros – eita papel de mãe! Mas não importa, quando assumi essa responsabilidade, sabia que ser mãe = pagar mico + desistir de muitas coisas + pagar King Kong + sorrir ao final do dia.
Até me esqueci de falar dos olhares mórbidos e raivosos de todos que andam pela cidade de SP, sempre atrasados, sempre estressados, sempre de mal humor... os donos desses mesmos olhares não conseguem enxergar que você está com uma criança, não compreendem que uma criança tem naturalmente sua maneira de fazer as coisas mais lentamente e sem perfeição exatamente porque é uma criança e está na fase de aprendizagem, não deixam em hipótese alguma que você seja o primeiro ou muito menos que você tenha prioridade... preferencial? Hein? Que palavrinha é essa? Qual o sinônimo? Alguém abra o “pai dos burros” e leia em voz alta para mim, por favor... Ok, eu entendo! Não foi você quem fez? Não foi você quem pariu? Oras, agora se vira, problema seu! Na hora de fazer foi bom, né? Agora quer dar uma de coitada??? QUEM PARIU MATEUS, QUE O EMBALE, oras bolas!!!
E foi por estar tão cheia de ser massacrada com comentários desse tipo é que eu acabo querendo ser a Mãe Mulher Maravilha. Se pudesse, desceria do ônibus sem que ele precisasse parar, de preferência, sem nem solicitar ao motorista que abra a porta... sairia mesmo pela janela para não ver aqueles olhares de “Aff, vai logo! Que lerdeza!”. Corro, pago a passagem com o ônibus em movimento segurando minha Rebecca e tentando me agarrar nos balaústres... tá, uma vez ou outra uma alma franciscana tenta me ajudar segurando a menina ou pegando o famoso “Bilhete Único” para levá-lo ao cobrador, mas, às vezes, é mais fácil nascer asas em elefante do que esse tipo de ajuda aparecer. E aí é que eu tento superar Tirunesh Dibaba em velocidade: e dou sinal e jogo a Becca no colo e corro para perto do motorista e peço para ele parar no próximo ponto já explicando que descerei pela frente porém já paguei a passagem... ah, claro, tentando me equilibrar, já que muitas vezes é impossível segurar em algum lugar.
E, dessa vez, o que a Dona Rebecca Mariamne Santos Andrade me apronta???
E escorrega do meu colo e grita que sabe descer sozinha.
E lá vou eu enfrentando as leis da física: busão em movimento, corpo inerte e pega Rebecca no colo outra vez.
E ela se retorce, e grita e pede: “Deixa eu descer sozinha, mamãe!” – e escorrega novamente.
E eu me contorço e faço mágica (deixei de ser a Mãe Mulher Maravilha, agora sou a Mãe Mulher Elástico) e consigo prendê-la novamente entre os meus braços.
E com as lágrimas saem berros. E sinto olhos vermelhos e cuspindo fogo. “Além de atrasar toda nossa viagem ainda vai deixar essa criatura fazer barulho?” – pareço ouvir as pessoas falando em coro.
E eis que o ônibus para.
E os berros parecem aumentar.
O motorista me olha e pergunta calmamente: “O que foi, mãe? O que ela quer?”
Eu, com aquele sorriso amarelo, respondo: “Imagine... olha o tamanho e pensa que já é gente. Fica dizendo que sabe descer sozinha!”
E eu levo uma baita bofetada. E de luva.
“Ora, mamãe. Deixe que ela desça sozinha. Ela tá querendo te mostrar que já é mocinha. Pode não ser importante pra você, mas é muito importante pra ela!” – disse o motorista.
Só sinto minhas bochechas pegarem fogo. “Não, vai demorar muito!”
“Demorar quanto? 3 ou 4 minutos? Pode descer, linda, o tio espera! Mamãe, a gente perde muito mais tempo na vida com coisa inútil. Esse momento é de glória pra ela, acompanhe! Um dia você vai querer lembrar de momentos como esse e não vai conseguir exatamente porque não soube esperar... o que são 3 ou 4 minutos vendo essa coisa linda mostrando que é independente?”
Enquanto fiquei paralisada ouvindo o que aquele motorista me dizia, minha filha já estava colocando o primeiro pezinho na calçada. Muda, corri para acompanhá-la e desci também.
O motorista gargalhou e me disse solenemente:
“Aproveite e curta! Aposto que demorou muito menos do que você pensou! E guarde a recordação da primeira vez que ela desceu do ônibus sozinha... quando ela crescer, conte pra ela! Fica com Deus, mamãe! E cuida dessa princesinha!”
Ele acenou, fechou a porta e deu partida.
Eu fiquei ali, segurando a mãozinha da Becca com aquela minha famosa cara de tacho. Cara de tacho porque foi preciso um desconhecido dizer que são minúsculos momentos até menores que 3 ou 4 minutos que realmente são importantes... e a gente quase nunca enxerga isso.