quarta-feira, 23 de maio de 2012

À ESPERA DA MATERNIDADE!


O post de hoje é mais do que especial. Foi escrito por uma já considerada amiga, apesar de nunca nos encontrarmos pessoalmente e de estarmos separadas por alguns kms.
Por que ele é mais do que especial??? Imagine você encontrar, pela internet (este meio de comunicação e compartilhamento de informações incrível), uma pessoa que está passando por um momento ao qual você já passou e tem exatamente a mesma forma de pensar. E o melhor de tudo: a mesma CORAGEM.
Num texto simples e fácil de ler, a Lilli Sallas resume o que é adoção aos olhos de quem deseja tanto dar uma oportunidade a uma criança que foi privada disso.
Agradeço não só a ela, mas a TODOS que leem o blog, me seguem no twitter ou já curtiram a Fan Page do Diário de Adoção, porque eu realizei um grande sonho e o que mais quero nesta nova jornada da minha vida é conversar, trocar experiências com quem tem tantas dúvidas em relação ao assunto, que, infelizmente é tão "abandonado" tanto pelos poderes legislativos, judiciários e executivos.
Então, lá vamos nós!!!
Obrigada, Lilli.

"Desde criança somos “treinadas” para ser mães; não é regra, mas um dos nossos primeiros presentes na infância é uma boneca, mesmo antes de saber falar a embalamos nos braços como se fosse nossa filha, imitamos o gesto de nossa mãe dando mamadeira, trocamos a sua roupinha, enfim, nasce aí o desejo de ser mãe (como disse, não é regra, há muitas mulheres que não querem ter filhos e estão bem com elas mesmas quanto a isso). Quanto a mim, apesar de sonhar ser mãe desde muito pequena, ainda não tive essa alegria, mas há quase dois meses dei o primeiro grande passo na longa (ou não) jornada à espera da maternidade. Só que ao contrário das futuras mamães gestantes, não sei quanto tempo vai durar minha gestação, pois o processo pelo qual chegará a minha filha não é o da Mãe Natureza e sim o do Poder Judiciário. Fui ao Juizado da Infância e Juventude da Capital para dar entrada nos papéis para me cadastrar como pretendente à adoção, para posteriormente receber meu certificado de habilitação para adotar. Já estou ansiosa com a iminente ‘gravidez’, angustiada e apreensiva se vou ser habilitada etc.… O caminho é assim: ao dar entrada no processo, primeiramente tenho de fazer um curso, que é obrigatório, que chamamos de ‘pré-natal da adoção’, após esse curso, haverá entrevista com psicólogos e assistentes sociais, visitas na minha casa, e depois disso eles emitem um
parecer que é encaminhado ao juiz ou juíza, há manifestação do Ministério Público, resumindo, quando aprovarem meu pré-cadastro e me tornar oficialmente habilitada, entrarei na fila do Cadastro Nacional de Adoção, pois na ficha que preenchi, aceitei que a minha filha ‘nasça’ de qualquer parte do país. Daí em diante é só esperar, orar e esperar, tal qual uma gravidez… A única coisa que tenho certeza a seu respeito é que será uma menina e ela terá entre três e seis anos de idade. Algumas pessoas já me perguntaram por que eu não tenho uma filha ‘minha’, tipo produção independente, ou por que eu não ‘pego’ uma bebezinha para ela ter o ‘meu jeito’. Bem, em primeiro lugar, o processo de adoção me legitima como mãe, portanto a criança será ‘minha’ filha para o resto da vida, pois o ato é irrevogável; e em relação a ter o ‘meu jeito’, penso que ela deverá ter o jeito dela; já o que eu vou passar para ela quanto a conhecimentos, valores, vivências etc., bem, acredito que isso virá com o tempo. Quanto à questão da ‘inseminação artificial’, nunca me passou pela cabeça, mesmo sem saber se posso ou não engravidar pelas vias ‘normais’; adotar sim, sempre pensei nessa opção, pelo simples fato de querer dar amor, afeto, me doar a uma criança que infelizmente foi privada disso; Agora vocês podem querer me questionar: mas e quando sua filha te perguntar sobre os “pais dela”? Se eles forem vivos e ela quiser conhecê-los ou saber a história de sua origem eu farei o que estiver ao meu alcance para realizar esse desejo. Quanto ao fato de ela ter se tornado minha filha, eu tentarei responder com uma história de conto de fadas, que eu queria muito, muito ser mãe, mas que o tempo e as escolhas que eu fiz não me trouxeram um bebê, e por eu querer muito ser mãe, uma mulher gerou minha filhinha pra mim e eu sou
eternamente grata a ela por isso e amo demais a minha filha. Essas respostas suprirão suas dúvidas e angústias? Talvez sim, talvez não, mas ela saberá o quanto foi desejada, esperada e é amada! Eu sei que na prática as respostas prontas nem sempre são usadas, mas tentarei todas as vezes, da melhor forma possível, responder a todas as perguntas que surgirem ao longo de nossas vidas juntas. O que eu estou aprendendo com todo esse processo? Cada passo que dou, me conheço um pouco mais e tento, a cada momento, ser uma pessoa melhor, a ter paciência, muita paciência, fé em Deus e esperança de que tudo aconteça da melhor forma possível e que tenhamos uma vida simples e feliz.


10.05.2012
LILI SALLAS"