sábado, 7 de dezembro de 2013

ANDRADE, SIM! NÃO DE SANGUE, MAS DE ALMA!

São nos pequenos atos que Deus nos mostra que Ele existe. E precisamos estar muito atentos para notar cada pequenino gesto a grandeza de sua existência.


Ontem, num ato tão simples e que, provavelmente passaria por mim sem que eu percebesse, pude notar, mesmo entender, que Deus fala conosco a todo instante. Nós, seres de extrema ignorância é que não enxergamos.

Confesso que mesmo tendo me tornado mãe adotiva há quase 4 anos, ainda há coisas que não domino entre outras tantas que me surpreendem e me deixam sem ação. Por mais que eu leia e me interaja do assunto, sempre me vejo diante de uma ou outra situação a qual não sei como agir, parece que o manual "como ser mãe" sempre é incompleto, sempre falta uma página.


Não faz muito tempo, relatei aqui uma experiência com meu filho Gabriel e agora irei relatar uma grande surpresa com minha filha Rebecca.

Ontem foi mais um dia de retorno ao IAMSPE - Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual - visto que no último dia 19 de Novembro, minha filha Rebecca passou por outra cirurgia para colocação de novo expansor tecidual no couro cabeludo.

Quem acompanha meu Blog, deve se lembrar que o IAMSPE está em reforma. Então o Setor de Queimados está aos pedaços. Além dos leitos terem sido reduzidos drasticamente, acabam também dividindo Centro Cirúrgico, Salas e Enfermagem com outros Setores. Por exemplo, os leitos do Setor de Queimados está sendo dividido com o Setor de Nefrologia e Cirurgia Plástica.





Para o retorno, ontem ficamos divididos entre a pediatria e a sala de cirurgia geral.



Na pediatria é disponibilizado uma mini brinquedoteca, onde a Rebecca já foi invadindo, subindo no mini escorregador, se enturmando com as crianças, mexendo nos brinquedos. Para minha sorte! Porque isso a distraía enquanto esperávamos ser atendidas, já que, como todo hospital público, marcam centenas de pacientes para o mesmo horário e o que nos resta? Esperar!!!
E, para não deixar de observá-la e orientá-la, sentei-me numa cadeira o mais próximo possível. Não vou negar que também foi para vigiá-la, pois conhecendo bem minha filha, sei que não demoraria muito para que ela aprontasse alguma coisa
Mas até que ela se comportou bem... brincou, montou brinquedos, cantou, desenhou, coloriu.

Enquanto estava sentadinha colorindo um dos desenhos que havia sobre as mesas, noto que ela começa a bater papo com um menino, provavelmente com 6 ou 7 anos, que estava sentado ao seu lado. Eu já havia notado que ele olhava muito para a Rebecca, talvez impressionado com as sequelas de queimadura ou pelos pontos que estavam expostos. 
" O que foi isso no seu rosto?" - perguntou ele.

" Foi de fogo. Eu queimei quando era bem nenenzinha." - responde ela tranquilamente.

"E cadê o seu cabelo?" 

"Oras, também foi por causa do fogo!"

O menino ficou quieto por alguns minutos, olhando ainda mais para minha filha, que, por estar envolvida com a pintura, nem percebeu. E ele continuou depois:

"Nossa, você também não tem um dedo!" - mostrou-se assustado.

Ela parou a pintura. Olhou nos olhos dele e respondeu, rispidamente:
"E daí? Minha mamãe falou que não faz falta nenhuma. Esse dedinho nem serve pra nada!"

E voltou a rabiscar.


Eu permaneci quieta. Ela estava respondendo as perguntas educadamente.
E não demorou muito para que ela se cansasse dos desenhos e fosse para a caixa de brinquedos.

E mexe num brinquedo, e abre um livro e tenta encaixar peças.

Não demorou muito e a monitora pergunta:

"Não vai mais pintar, linda?"

"Não quero mais."

"Então você tem que organizar os lápis de cor, tá?"

E Dona Rebecca voltou para a mesa e começou a guardar os lápis de cor dentro da caixa.

 E a monitora elogia enquanto saía para atender outra criança:

"Obrigada, viu? Sabia que você é muito linda? E esses seus olhos verdes também são lindos!"

Não demorou muito e o menino que havia feito tantas perguntas, voltou-se para minha filha, dizendo palavras que nunca ouvi de criança nenhuma:

"Você não é linda! Você nem tem cabelo! Não acho você linda."

Ouvi isso e confesso que tive uma sensação de raiva. Antes que eu tivesse a oportunidade de me levantar em defesa da minha filha, eis que ouço as seguintes palavras, que ela respondeu com muita sabedoria:

"Pra 'Deusu' todo mundo é lindo! Eu sou uma princesa linda e perfeita aos olhos de Deusu, tá?"

Eu, que estava já caminhando em direção aos dois, parei, estarrecida.

E ela não perdeu o rebolado:

" Eu só não tenho cabelo por enquanto porque o Doutor Mário vai colocar o resto do meu cabelo. Você não tá vendo que eu já estou com expansor?"

O menino perguntou, confuso:

"O que é expansor?"

"Ai, tá vendo só? Você não sabe de nada! Só quem é paciente do Doutor Mário sabe o que é expansor. E eu não vou te explicar. Se você quiser, vai lá falar com o Doutor Mário, que é o MEU médico dos Queimados. E eu sou linda sim! O Doutor Mário e todo mundo me acha linda! E tiau 'poique' agora eu vou no escorrega, tá?"

E saiu, sem nem notar a minha presença, feliz e saltitante em direção ao outro lado, onde estavam os mini escorregadores.

Naquele momento me senti altamente feliz. Feliz por saber que a minha minha pequena tem a auto estima super em alta e principalmente porque foi naquele momento que eu tive a certeza de que ela é uma VERDADEIRA ANDRADE. Não de sangue, mas de alma!

Não precisou ser defendida por ninguém. Não abaixou a cabeça. Deu uma resposta com elegância. Foi curta, grossa, clara e objetiva. E o melhor de tudo: reverteu a situação como se o grande "prejudicado" fosse o seu "agressor".
É ou não é uma AUTÊNTICA ANDRADE???


Pois bem, agora eu faço a conclusão:

É ou não é Deus se manisfestando?
É ou não é Deus me provando que ele criou a Rebecca à minha imagem, semelhança, temperamento e personalidade?

Não adianta. Digam o que disserem: A Rebecca é minha filha. Não importa como Deus a trouxe até mim. Não é de sangue, é de alma. 


E ela é uma princesa linda e perfeita aos olhos de "Deusu" e aos meus. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O MENINO DE OURO

Ok.

Eu concordo.

Toda mãe tem a doce mania de querer enaltecer as qualidades do filho.

E, eu, mãe também, vou enaltecer as características marcantes do meu Gabriel.

Por muitas vezes o descrevi como um menino calmo, doce, tranquilo e com uma forte tendência a proteger a irmã. Ainda não sei se a proteção exagerada que o Gabriel tem com a Rebecca é em função por ser o irmão mais velho, porém nem tão velho assim, já que são apenas 18 meses de diferença; se é o fato de ser do sexo masculino e ter no instinto a questão do proteção com o sexo oposto ou se de repente a proteção está altamente ligada ao fato de perceber as sequelas físicas que a irmã tem e de se incomodar com o preconceito que as pessoas tem em relação a isso. Ainda não tive coragem o suficiente para conversar abertamente com ele sobre o assunto, mas tenho ciência que ele deva ser exposto, por mais delicado que seja. Não vou negar: ele só tem 6 anos e talvez não tenha maturidade o suficiente para conversar sobre; creio que nem mesmo ele perceba certas atitudes que ele acaba tomando para protegê-la.
Já não bastasse ser o super protetor, uma coisa que me deixou bastante feliz (e que aconteceu há uns 2 meses) foi o fato de ter a certeza do quanto meu filho é solidário e altamente altruísta quando o assunto é a irmãzinha.

Em comemoração ao Dia das Crianças, a escola que "presenteou" cada aluno com um livro, incentivando a leitura, principalmente aos alunos do primeiro ano, que estão sendo alfabetizados.

Ele ficou super feliz, mas não se contentou. Foi à Coordenação e pediu um livro pra a irmãzinha.

Eis que eu chego do trabalho, por volta das 21hs, entro no quarto dele para dar o beijo de "boa noite", mesmo que ele já esteja dormindo e verificar se o material do dia seguinte está organizado. Ah, mas que insistência a minha, não? Como sempre tudo organizado e perfeito. Pego então a agenda e vou para a sala.

Abri a agenda e me deparo com um bilhete da professora:



Aquilo balançou meu coração. Só para variar, 2 lágrimas grossas e quentes escorreram pela minha face.

Antes que eu fosse procurar o tal livro, a Rebecca, que ainda estava acordada, veio em minha direção toda feliz mostrando o livro e comentando que o Gabriel estava lendo aos poucos para ela. Os dois haviam combinado que ele leria uma página por dia para ela.


Novo abalo. Novas lágrimas.

Me chamem do que quiser: mãe boba, mãe coruja ou de tantos outros adjetivos pejorativos, mas meu pequeno Gabriel  É UM MENINO DE OURO!