Há uns meses atrás, uma grande amiga veio me visitar. Na época ela estava grávida de 8 meses.Eu, mãe de primeira viagem, nem imaginaria a saia justa que meu filho Gabriel, na época com 3 anos, me colocaria.
Durante muito tempo ele não tirava os olhos da minha amiga, com aquele ar espantado, com um ponto de interrogação. A cabeça se movimenta de acordo com os passos dela e, disfarçadamente, ele se aproximava.Até minha amiga não aguentou vê-lo tão curioso e perguntou:
- Algum problema, Biel?
- Por que sua barriga tá assim?
Ela, pacientemente, sorriu e respondeu:
- É que tem um bebezinho aqui dentro, meu anjo.
Os olhos dele brilharam e ao mesmo tempo ficaram arregalaram:
- Nossa, você comeu ele? Por quê?
Todos os adultos presentes gargalharam e minha amiga, ainda muito calma continuou:
- Não! Eu não comi o bebê! Ele cresceu aqui e vai nascer. Quando ele nascer, eu vou virar mamãe. E depois ele vai crescer e ficar bonito e forte igual você!
Eis que o Gabriel ficou mais aflito e, desesperadamente, indagou:
- E como foi que ele entrou e começou a crescer aí dentro?
Nesta hora os adultos se entreolharam e cada um começou a querer mudar de assunto e até de lugar.Minha amiga me olhou com olhos desesperados, pedindo socorro, mas eu estava tão surpresa quanto ela. E, num lance muito rápido, ela prosseguiu:
- Quando a gente casa e se ama muito, Papai do Céu dá um presente pra gente. E esse presente é um bebê. E o bebê tem que ficar na barriga da mamãe pra poder crescer, ficar protegido até quando ele estiver pronto pra nascer.
Então vi meu filho Gabriel pensativo, olhar perdido, sobrancelhas arqueadas:
- Mas como é que Papai do Céu colocou ele aí dentro sem você comer ele?
Minha amiga suspirou fundo, sorriu amareladamente e encerrou a conversa:
- Bem, Biel, agora essa pergunta você faz pra sua mamãe.
Image! Tomei um choque. Fiquei atônita, espantada, pasma e um pensamento não saía da minha mente:"Lascou. E agora o que é que eu vou dizer? E agora o que é que eu vou fazer?"
Em segundos, meu filho me encarou e repetiu a pergunta.Eu, descontrolada, aflita e com cara "socorro", soltei as primeiras palavras que pareciam estar entaladas na minha garganta:
- Então, filho, olha, a campainha tocou! Você não vai ver quem é?
- Não, não, mamãe. A campainha não tocou. Eu não ouvi nada. E você não vai me responder?
Eu só pude ouvir a gargalhada da minha amiga.
Houve um minuto de silêncio (um minuto muito longo, praticamente sem fim).
- Filho - me abaixei e fechei os olhos. - A mamãe não sabe. Mas eu prometo que vou pesquisar e assim que aprender a resposta, eu te conto tudo, tá bom?
Ele fez cara de bravo, ficou sério e saiu resmungando:
- Oras, não sabe! Mãe sabe de tudo! Mas eu vou descobrir o seu segredo. - e saiu correndo.
E eu? Como fiquei? Vermelha, as bochechas queimando, e, é óbvio, com cara de tacho.
Puxa, cadê o manual de instruções numa hora dessas???
Compreendo que crianças não venham com manual de fábrica, mas não dá nem pra fazer um download? Um link ou um hot site apenas para consultas esporádicas? Não? Que pena!
Mas eu não perco minhas esperanças... no Google se encontra de tudo... vai que um dia dá certo!