terça-feira, 19 de julho de 2011

É TANTA COISA QUE MUDA DE VALOR



Chega a ser engraçado, mas conforme vamos crescendo, não apenas nossas idéias mudam. Principalmente os valores agregados à estas idéias.
Como o assunto é muito abrangente, vou resumir o conceito em datas. Exato, datas de comemoração!
Estamos lá, ainda criança e a data mais importante é o MEU aniversário, aí sim vem a Páscoa, O Dia das Crianças e, por fim, o tão esperado Natal. Por que são tão importantes tais datas? Oras, o simples fato de ter festa, bolo, doce e, é claro, PRESENTE!!!
E vamos crescendo e lá se vão algumas mudanças: claro, o MEU aniversário não muda, ainda é a data mais importante! Sim, continua a Páscoa e o Natal. O Dia das Crianças de repente, fica constrangedor.
Mais alguns anos se passam e lá vamos nós: sim, o MEU aniversário não muda, mas tem o Dia dos Namorados, o aniversário do namorado, uma semana de namoro, um mês de namoro, a Páscoa, o Natal e, é claro, um ano de namoro!
Foi exatamente o que você pensou: o MEU aniversário não muda, nem o aniversário do namorado, muito menos o aniversário de namoro, quem diria o Dia dos Namorados! Ah, sim, ainda existe a Páscoa e o Natal!
Sim, namoro consolidado! O MEU aniversário, o aniversário do namorado, muito menos o aniversário de namoro, quem diria o Dia dos Namorados e agora tem a Data do Noivado... quase esqueci, Páscoa e Natal!
Agora é fase quase definitiva: O MEU aniversário, o Aniversário de Casamento, o aniversário do agora marido, sim, o Dia dos Namorados (seremos eternos namorados) ops, ah Páscoa e Natal!
Aí entramos em fase definitiva: O MEU aniversário não muda, tem o Aniversário de Casamento, o aniversário do agora marido, aniversário do filho, Dia das Crianças volta ao seu calendário, ah, quando possível, o Dia dos Namorados quando dá tempo... e sim, não dá pra fugir da Páscoa e do Natal!
Claro, nesse meio toda ainda sobra um tempinho pro aniversário da mãe, do pai, do sogro, da sogra, da cunhada, da irmã, do cunhado e do irmão... mas eles serão esquecidos aos tempos porque os novos integrantes da família não permitem serem concorrentes.

E toda a dissertação pra quê?

Claro, pra falar de mim, de tanta coisa que mudou de valor. Não existe mais o MEU aniversário nem Páscoa, Dia das Crianças ou Natal. Muito menos o aniversário de casamento ou do marido.

Neste momento de minha vida, eu só tenho 4 datas a comemorar, em ordem de acontecimento:

17 de Dezembro - Dia em que conheci meus filhos no abrigo;
23 de Dezembro - Aniversário do Gabriel Yeshua e data em que meus filhos vieram para meu lar;
11 de Maio - Aniversário da Rebecca Mariamne;
25 de Outubro - Data em que registrei ambos em meu nome, ganhando "Certidão de Nascimento", com sobrenome Santos Andrade


Existem datas que, de tão próximas, me fazem lembrar outras, como:

23 de Dezembro - aniversário do meu Biel, antevéspera de Natal, logo, MEU presente;
11 de Maio - aniversário da minha Becca, muito próximo ao Dia das Mães, óbvio, MEU presente;
25 de Outubro - data em que eles ganharam os novos nomes e um sobrenome, antevéspera do meu aniversário... MEUS PRESENTES.

Agora, em minha vida, só existem essas 4 datas e, independente do que cada uma delas represente eu só sei comemorar uma coisa:

A enorme satisfação por amá-los e a dádiva de ser mãe. Porque eles são TUDO na minha vida!!!



segunda-feira, 18 de julho de 2011

UM PORTO, UMA BAÍA, UMA ENSEADA *



Você já teve a oportunidade de visitar um abrigo para crianças e/ou adolescentes? Teve ao menos a vontade/curiosidade de conhecer esse tipo de instituição? Nunca quis saber como funciona, é organizado ou qual o ambiente atrás das paredes que o cercam?
Estou aqui, como mãe adotiva, e desejo compartilhar o quanto é maravilhoso tirar um dia, ou uma manhã ou tarde, quem sabe algumas horas só para visitar, conversar e interagir com crianças que estão aos cuidados do abrigo.

Entendo perfeitamente o que se deve passar agora em sua mente: "Mas deve ser um lugar muito triste, sobrecarregado com energias ruins, mórbido, estressante, crianças revoltadas e magoadas; deve partir e doer muito o coração." 

Sim, eu tinha essa mesma idéia até que não tive como fugir: um dos passos para o processo de adoção era conhecer meus possíveis filhos (hoje definitivos). E, acreditem se quiser, eu já saí de casa aos prantos, sabendo que veria coisas que me chocariam porque não fazem parte do meu cotidiano. Levei 2 caixas de lenços e, por garantia, toalhinhas de mãos (de pano) aos montes.

Para meu espanto, cheguei ao abrigo e não ouvi gritos... o silêncio reinava naquele sobrado. Toquei a campainha e fui atendida por uma funcionária muito simpática que me recebeu feliz, com sorriso nos lábios (como não quero expô-la, vou apenas chamá-la de Sra S). A Sra S me abraçou e me convidou para conhecer as instalações. Gente, que graça! Na parte externa brinquedos como "gira-gira", balanço, gangorra, trepa-trepa e muitas bicicletinhas, triciclos tanto para meninos quanto para meninas. Tudo em boas condições de uso, limpos e organizados. Fui para a recepção, que também me encantou. Fotos das crianças espalhados pelos quadros de avisos, brinquedos feitos à mão... depois que apresentei minha documentação, a Sra S me convidou para descer até a cozinha, salas e dormitórios. Meu coração bateu a mil... chegara o momento! Então deparei-me com um senhor de idade, o cozinheiro, que preparava tudo com muito carinho - outra simpatia de pessoa. E aí já comecei a ouvir as crianças brincando, correndo...

Enquanto eu esperava que fosse preparada a salinha para que eu ficasse a sós com as crianças que eu deveria conhecer, claro, as demais se aproximaram de mim, me chamando para brincar, pedindo abraços, se 
apresentando...


Então decidi me sentar ao chão, me apresentar e pedir que cada uma dissesse seu nome e me desse um beijo e um abraço. Jamais esquecerei o brilho nos olhos de cada um deles... e o melhor: o sorriso de aceitação.

Claro, não vou mentir e dizer que uma criança ou outra pergunta: "Você vai me levar? Você vai ser minha mãe?"

Sim, é dolorido ter que dizer não, mas é sim uma realidade.

Não vou negar que existem crianças com problemas mentais, fora da realidade ou outras com cicatrizes de agressão feitas pelos próprios pais. Claro, sem contar as cicatrizes emocionais que algumas, principalmente as maiores, carregam em suas expressões, olhares.

Mas eu fiz um balanço e, para minha surpresa, o local é muito mais do que a gente espera. Há sim carinho, proteção, amor, cuidados, educação. As pessoas que trabalham nessas unidades tem um coração gigantesco para acolher cada um deles, eu acredito firmemente. Não vou fechar os olhos e dizer que não existe aquela velha massa podre que está ali por estar, sem interesse algum em agregar algo sócio ou educativo à essas crianças. Mas eu não vou me render a esta massa podre.

Então aproveite meu post e tome coragem. Programe uma visita!

Não, não é necessário levar nada, mas promova uma atividade! Leve um livro com contos... algumas folhas de sulfite e giz de cera e pinte com eles... isso é o máximo! Quer mais integração? Compre um pacote de bexigas - essas de festinhas infantis - e distribua, ajude-os a enche-las e brinque com eles! Tem filhos? Leve-os... mostre às crianças do abrigo que elas não são diferentes, permita que elas se enturmem com seus filhos e eleve a auto estima delas.

Não, caro leitor, não custa absolutamente nada e o retorno é garantido em 100%. Quer fechar com chave de ouro? Abra um pacote de balas e jogue-as pro ar... brinque como se fosse uma criança também.
Tome coragem, permita-se descobrir uma experiência nova. Conheça novas pessoas. E conhecer crianças é muito bom. A criança ainda é inocente. Quem a transforma somos nós mesmos, a sociedade.

Caso você um dia vá, depois volte aqui e me relate sua experiência. E me confesse se sua alma ficou ou não muito mais em paz, se você saiu de lá um ser renovado, diferente e com outra visão sobre determinadas coisas.

"Ninguém é tão grande que não possa aprender, 
nem tão pequeno que não possa ensinar." [Esopo]

* P.S.: Este foi o significado que encontrei no dicionário para a palavra "abrigo"