Você já teve a oportunidade de visitar um abrigo para crianças e/ou adolescentes? Teve ao menos a vontade/curiosidade de conhecer esse tipo de instituição? Nunca quis saber como funciona, é organizado ou qual o ambiente atrás das paredes que o cercam?Estou aqui, como mãe adotiva, e desejo compartilhar o quanto é maravilhoso tirar um dia, ou uma manhã ou tarde, quem sabe algumas horas só para visitar, conversar e interagir com crianças que estão aos cuidados do abrigo.
Entendo perfeitamente o que se deve passar agora em sua mente: "Mas deve ser um lugar muito triste, sobrecarregado com energias ruins, mórbido, estressante, crianças revoltadas e magoadas; deve partir e doer muito o coração."
Sim, eu tinha essa mesma idéia até que não tive como fugir: um dos passos para o processo de adoção era conhecer meus possíveis filhos (hoje definitivos). E, acreditem se quiser, eu já saí de casa aos prantos, sabendo que veria coisas que me chocariam porque não fazem parte do meu cotidiano. Levei 2 caixas de lenços e, por garantia, toalhinhas de mãos (de pano) aos montes.
Para meu espanto, cheguei ao abrigo e não ouvi gritos... o silêncio reinava naquele sobrado. Toquei a campainha e fui atendida por uma funcionária muito simpática que me recebeu feliz, com sorriso nos lábios (como não quero expô-la, vou apenas chamá-la de Sra S). A Sra S me abraçou e me convidou para conhecer as instalações. Gente, que graça! Na parte externa brinquedos como "gira-gira", balanço, gangorra, trepa-trepa e muitas bicicletinhas, triciclos tanto para meninos quanto para meninas. Tudo em boas condições de uso, limpos e organizados. Fui para a recepção, que também me encantou. Fotos das crianças espalhados pelos quadros de avisos, brinquedos feitos à mão... depois que apresentei minha documentação, a Sra S me convidou para descer até a cozinha, salas e dormitórios. Meu coração bateu a mil... chegara o momento! Então deparei-me com um senhor de idade, o cozinheiro, que preparava tudo com muito carinho - outra simpatia de pessoa. E aí já comecei a ouvir as crianças brincando, correndo...Enquanto eu esperava que fosse preparada a salinha para que eu ficasse a sós com as crianças que eu deveria conhecer, claro, as demais se aproximaram de mim, me chamando para brincar, pedindo abraços, se
apresentando...
Então decidi me sentar ao chão, me apresentar e pedir que cada uma dissesse seu nome e me desse um beijo e um abraço. Jamais esquecerei o brilho nos olhos de cada um deles... e o melhor: o sorriso de aceitação.Claro, não vou mentir e dizer que uma criança ou outra pergunta: "Você vai me levar? Você vai ser minha mãe?"
Sim, é dolorido ter que dizer não, mas é sim uma realidade.
Não vou negar que existem crianças com problemas mentais, fora da realidade ou outras com cicatrizes de agressão feitas pelos próprios pais. Claro, sem contar as cicatrizes emocionais que algumas, principalmente as maiores, carregam em suas expressões, olhares.
Mas eu fiz um balanço e, para minha surpresa, o local é muito mais do que a gente espera. Há sim carinho, proteção, amor, cuidados, educação. As pessoas que trabalham nessas unidades tem um coração gigantesco para acolher cada um deles, eu acredito firmemente. Não vou fechar os olhos e dizer que não existe aquela velha massa podre que está ali por estar, sem interesse algum em agregar algo sócio ou educativo à essas crianças. Mas eu não vou me render a esta massa podre.Então aproveite meu post e tome coragem. Programe uma visita!
Não, não é necessário levar nada, mas promova uma atividade! Leve um livro com contos... algumas folhas de sulfite e giz de cera e pinte com eles... isso é o máximo! Quer mais integração? Compre um pacote de bexigas - essas de festinhas infantis - e distribua, ajude-os a enche-las e brinque com eles! Tem filhos? Leve-os... mostre às crianças do abrigo que elas não são diferentes, permita que elas se enturmem com seus filhos e eleve a auto estima delas.
Não, caro leitor, não custa absolutamente nada e o retorno é garantido em 100%. Quer fechar com chave de ouro? Abra um pacote de balas e jogue-as pro ar... brinque como se fosse uma criança também.
Tome coragem, permita-se descobrir uma experiência nova. Conheça novas pessoas. E conhecer crianças é muito bom. A criança ainda é inocente. Quem a transforma somos nós mesmos, a sociedade.
Caso você um dia vá, depois volte aqui e me relate sua experiência. E me confesse se sua alma ficou ou não muito mais em paz, se você saiu de lá um ser renovado, diferente e com outra visão sobre determinadas coisas.
"Ninguém é tão grande que não possa aprender,
nem tão pequeno que não possa ensinar." [Esopo]
* P.S.: Este foi o significado que encontrei no dicionário para a palavra "abrigo"

Apesar de estar parecendo com um mico leão dourado no dia, eu curti, lembro dos meninos me atirando carrinhos e eu devolvendo, o pequenino que ficou comigo o tempo todo até a hora de ir, muito bom, valeu a experiência, é um choca de contra cultura no meu cotidiano, emociona pra caralho, pra ser mais exato (desculpe a expressão mas foi a única que achei).
ResponderExcluirBj. Maknim