terça-feira, 18 de agosto de 2015

BRONCA DE CRIANÇA

Era sábado, 01 de Agosto.

 Após levarmos a peruca para ajuste, optamos por passear na Paulista ao invés de ficar na sala de espera até que tudo ficasse pronto.

Subimos a Rua Augusta vagarosamente, como turistas. Não parecia que morávamos em SP. Olhávamos loja por loja, cada camelô, cada músico de rua, cada estátua viva.

Entre uma apreciação e outra, ouvia:

“Olha, mamamia! A capinha de celular do Romero Britto!”

E por diversas vezes:

“Nossa, que vestido fashion!”

Até que a fome falou mais alto e paramos para comer um lanche.

Enquanto esperávamos o pedido chegar, resolvi atualizar minha irmã com o que estava acontecendo, mandando as fotos do nosso passeio, etc e tal.

E lá veio a bronca:

“Eh, mamamia... você e esse celular! Não solta por nada!”

Olhei para os lados. Ufa! Ninguém próximo a nossa mesa. Mesmo assim meu rosto corou.

“Becca, estou contando pra sua tia sobre o que estamos fazendo.”

“Então agora para! – falou rispidamente. Agora é hora da refeição e é hora sagrada! Guarda esse celular e vamos comer.”

Cheguei a abrir a boca para repreendê-la pela maneira como falava comigo, porém coloquei a mão na cabeça e refleti. Seria justo repreendê-la por estar me dizendo exatamente o que falo repetidamente quando ela está assistindo TV ou jogando no tablet? Somos espelhos para nossos filhos, não é?

No final das contas, guardei o celular na bolsa. Confesso, estava envergonhada por tomar uma bronca da minha filha de 7 anos, porém também estava orgulhosa. Orgulhosa por ela e por mim.


Orgulhosa por ela ter prestado atenção e estar praticando o que ensinei.
Orgulhosa por ela se preocupar em repassar o que ensinei, mesmo que fosse para mim mesma.


Orgulhosa de mim, por ter passado um conceito tão simples e ao mesmo tempo tão importante.