Como eu havia escrito no post anterior, estava muito, muito
brava com Deus.
Entrei na sala do pós cirúrgico aos prantos. Gentilmente uma
enfermeira colocou uma cadeira ao lado da cama onde minha pequena repousava. Sentei
e automaticamente me debrucei, sem poder aguentar a pressão que sentia em meu
peito. Os pensamentos passavam por minha mente numa velocidade que eu jamais poderei explicar. Em segundos tive
flashes de quando a vi pela primeira vez, do choro, do bebê agressivo, das
mordidas, dos primeiros passos tímidos, do primeiro xixi no vaso sanitário, das
primeiras palavras, dos chiliques e ataques de nervos por absolutamente nada,
dos escândalos para escovar os dentes, das madrugadas que se levantava e, mesmo
no escuro, saía do quarto e vinha se deitar na minha cama... de repente, a
primeira cirurgia! Meus Deus, como passara tão rápido! Ao mesmo tempo
lembrava-me dos joelhos no chão, pedindo paciência, das orações pedindo que o
melhor fosse feito para ela, mesmo contra minha vontade.
Quantas noites acordada pensando na adolescência, a fase
mais complicada da vida de qualquer ser humano? E quantas noites alimentando a
esperança que com as cirurgias as sequelas iriam amenizar? Não, não e não! Eu não
entendia! Quando menos esperei, os soluços preenchiam o vazio da sala.
Então ouvi aquela voz miúda, trêmula e sofrida perto de mim:
“Não chora, mamãe. Eu tô bem.”
Fui dominada por uma emoção que também jamais saberei
explicar. E, novamente, a mesma voz sufoca meus soluços:
Quando levantei a cabeça notei que era a vozinha da Rebecca,
que ainda estava com os olhos cerrados.
Naquele momento precisei me calar, mesmo que não pudesse, mesmo que não quisesse. Não consegui conter as lágrimas, mas tive que engolir os soluços, um a um.
Então vi a mãozinha dela procurando a minha...
(continua)
Naquele momento precisei me calar, mesmo que não pudesse, mesmo que não quisesse. Não consegui conter as lágrimas, mas tive que engolir os soluços, um a um.
Então vi a mãozinha dela procurando a minha...
(continua)