segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

AGRADECIMENTO DA AÇÃO


Antes de redigir sobre o fim desta história tão comovente, que cativou pessoas que ainda não tive oportunidade de conhecer pessoalmente, quero deixar registrado o agradecimento da minha pequena Rebecca.

04/12/2014 - A caminho do IAMSPE
O vídeo abaixo foi gravado dia 04/Dez/2014, quando estávamos nos preparando para a internação. 

Sentamos na cama dela (no seu quartinho temático da Hello Kitty Bailarina) e contei-lhe tudo. Não apenas da cirurgia e de tudo que enfrentaríamos nos próximos dias, provavelmente meses. Contei da surpresa que recebi das pessoas que trabalham na mesma empresa mas, principalmente, que tudo que havia chego até minhas mãos foi para ela. Mostrei os cartazes, as assinaturas e falei do valor arrecadado, que cobria não apenas o custo do expansor, mas também dos remédios, curativos, entre tantas coisas que poderiam aparecer no caminho, como gastos com transporte, estacionamento, etc.

Para minha surpresa, ela mesma pediu para gravar o vídeo. Só disse que não conseguiria se lembrar de tudo que ela queria falar, perguntando-me: "Mamamia, você me ajuda?"

Só quis entender o que ela queria dizer e organizamos os pensamentos. Disse que não tinha problema se ela esquecesse



Não vou negar: imaginei que ela ficaria ansiosa e angustiada por conta da cirurgia. Mas não! Ela encarou tudo como uma pequena adulta!
Isso foi resultado de quê? De inúmeros pensamentos positivos, de muita fé, de muito carinho...

Agradeço a todos!
Que Deus os abençõe infinitamente


Sonho que se sonho só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade." 
(Raul Seixas)



"Quem acredita sempre alcança."
(Renato Russo)


O meu querer é complicado demais,

Quero o que não se pode explicar aos normais.
Sobre o porquê de tantos porquês,
E responder
Entre a razão e a emoção eu escolhi você!
(Kim - Catedral)






terça-feira, 2 de dezembro de 2014

NÃO PROCURE ENTENDER. APENAS TENHA FÉ.

“Não importa o que digam. Ouça a voz do seu coração.”

Foi exatamente o que fiz quando conheci o Biel e a Becca.

Eu tinha certeza mais que absoluta que queria ser mãe adotiva. Eu só não sabia quais crianças seriam escolhidas por Deus para serem meus filhos.

Eu não tinha idéia da idade muito menos do sexo.

Eu não tinha idéia da cor nem se teriam algum tipo de deficiência física ou mental.

Mas Deus separou o Gabriel e a Rebecca para habitar meu coração.

No momento em que os conheci, tinha consciência que poderia não aceita-los. Tanto a assistente social quanto a psicóloga do Fórum da Lapa já tinham me explicado que caso não houvesse “empatia” eu poderia desistir e voltar para a fila de adoção, sem interferir em nada meu processo.

Não vou negar que ao ver a Rebecca com tantas sequelas do acidente estremeci por dentro. Houve um misto de raiva e pena. Raiva dos pais biológicos e pena porque ela era apenas um bebê e já havia sofrido tanto.

Quis chorar. E chorei. Chorei muito.

Quantas cirurgias aquela pessoinha precisaria para amenizar tamanhas sequelas? Alguma cirurgia poderia melhorar a qualidade de vida dela? Eu, sendo solteira, conseguiria arcar com tanto gasto? Seria eu capaz de dar uma vida melhor para ela? Conseguiria eu ser forte o suficiente para aguentar tantas coisas, que nem sabia ao certo o que seria? Eu estava desempregada, morando com meus pais e debilitada emocionalmente.

Senti medo. Muito medo.

Era mais fácil dizer não. Era mais simples virar as costas e não aceita-los. Mas parece que alguém sussurrou algo aos meus ouvidos: “Não importa o que digam. Ouça a voz do seu coração.”

Fechei os olhos. Eu já os amava.

O medo voltou. Voltou e me dominou.

“Você não vai conseguir. É muito maior que você. Deixe os dois para outro casal. Você não tem potencial.” – outra voz sussurrava também.

Não sei por quantos segundos fiquei sufocada e com medo.

E, de repente, eu abri meus olhos. Superei o medo. 
E disse: "São meus!”

E cá estou eu. Há quase 5 anos me tornei mãe adotiva. E desde o primeiro dia em que os adotei, vira e mexe estou em dificuldades.
 E Deus tem me dado muitos tapas na cara. Quando minha fé fica abalada e eu me sinto fraca, Ele vem e mostra que eu abracei uma causa porque eu sou capaz, mas, acima de tudo, porque Ele cuidaria de tudo.

No próximo dia 05 de Dezembro minha pequena passará por mais uma cirurgia para tentativa de correção do couro cabeludo. Mais uma vez, um gasto...

Pois Deus interferiu novamente. Tocou no coração das pessoas que trabalham comigo.
 Sem que eu soubesse, criaram a campanha “Vamos devolver o cabelinho da Becca”. Arrecadaram não apenas o valor do expansor, mas um valor a maior, para custear curativos e antibióticos para o pós operatório como também gastos com transporte.

Minha surpresa foi maior ainda porque houve pessoas que colaboraram mesmo sem ao menos me conhecer. Departamentos que nem sei onde ficam localizados fisicamente aqui dentro da empresa.

Essa mobilização não foi apenas financeira. Ela mexeu com as pessoas. Com corações. Com o altruísmo de cada um.

Esta é a primeira versão. Ainda não consegui organizar todos os nomes para agradecer, mas eu preciso disseminar o vídeo em agradecimento a todos que participaram. Muito em breve publicarei a nova versão do texto, com correções e nomes de todos que se empenharam em devolver a qualidade de vida e autoestima da Becca.

Como digo no vídeo, creio na corrente do bem. O que você faz aqui, volta pra você. Se todos acham que tive uma atitude nobre adotando os dois, já estou colhendo os frutos do bem plantei. Em breve, serão vocês, colaboradores da ação "Vamos devolver o cabelinho da Becca" que irão recolher novos frutos"




Não procure entender. Apenas tenha fé. Deus cuida do resto.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

NÃO VOU MORRER ESTUDANDO!

Já passava das 22 horas do dia 04 de Agosto. E a Rebecca continuava a reclamar. Estava inconformada que as aulas voltavam hoje.


“Eu não acredito que amanhã já tem que ir pra escola! As férias foram muito curtas.
 Passou e eu nem vi.”


“Ih, Becca... vai se acostumando. Você tem uns 20 anos pela frente só pra estudar.”

“O quê?! 20 anos???” – me olhou com os olhos arregalados.

“Exatamente. Até você chegar na faculdade, são uns 20 anos.” – repeti.

“E eu vou morrer estudando?” – levantou do sofá indignada. 
“Não, não e não! Eu não vou morrer estudando! A vida é muito mais que estudar! A gente tem que se divertir, tem que viajar, conhecer o mundo e não ficar preso numa escola até morrer.”

Segurei a gargalhada, para não perder a moral. Fiz cara de brava e rebati:

“Você vai conhecer o mundo depois que estiver formada!”

“Tô fora! Se você pensa que eu vou morrer estudando, você tá muito enganada, Dona Elaine. Eu não quero isso pra mim, não!”


E entrou no corredor, rumo ao seu quarto, sem esperar minha resposta.

Fiquei no sofá por alguns instantes rindo sozinha. 

Personalidade forte? Temperamental? Decidida? Autêntica? Segura de si? Convicta? Menina de atitude?

Meus Deus, ela só em 6 anos! Imagine essa menina na adolescência... tô ferrada!

Mas não vou negar: toda vez que ela solta umas respostas desse tipo, vejo um pedaço de mim estampado ali.

Quando conto para minha mãe, sempre ouço: “Você era igualzinha!”

DNA pra quê? Meus filhos já tem minha alma!!!

E isso já me basta. Não preciso de mais nada!!!

terça-feira, 11 de novembro de 2014

INTELIGENTE DEMAIS

Já se passava das 22 horas enquanto eu estudava com meu filho Gabriel para a prova de Ciências.

“Vamos lá, Biel. O que é o Reino Vegetal?” – perguntei.

Antes que ele pudesse abrir a boca, minha filha Rebecca respondeu:
“Oras, que peigunta mais fácil! É claro que é o reino dos vegetais, das plantas e das folhas!”

Olhei para ela seriamente:

“Becca, seu irmão precisa estudar! Assim você só atrapalha!”

Ela me olhou e voltou a mexer nos lápis de cor.

“Então, Biel, quais as partes que compõem a planta?”

Mais uma vez, Rebecca se antecipa:

“Ué, é só olhar o desenho! Aqui é a folha, aqui o fruto, esse daqui é o tronco, essa é a raiz e essa é a que eu mais gosto, a flor!”

Decidi ser mais enfática:

“Rebecca, eu já disse que assim você atrapalha! É o Biel que precisa estudar. Você quer que seu irmão vá mal na prova amanhã?”

“Claro que não! Eu tô ajudando o Biel, oras... – ergueu a monocelha. Confesso que não esperava por essa resposta.

“Então fica quieta e deixa ele responder, caramba!”

Virou o rosto, praticamente me ignorando.

“Vamos para a próxima questão, filhote. Pra que servem os frutos?”

Adicionar legenda
Ah, óbvio que a Rebecca respondeu prontamente:

“Ué, seivem de alimento e também guaida os caroços pra plantar depois.”

“Agora chega, Rebecca Mariamne Santos Andrade! Saia daqui agora! Vá pra sala ou pro seu quarto! Isso aqui não é brincadeira! Quantas vezes vou ter que repetir que seu irmão está estudando para fazer prova amanhã, hein?”

Ela levantou-se calmamente, e seguiu na direção da sala:

“Eu sei puique você está tão brava! Você tá brava puique eu sou muito inteligente. Acho que sou até mais inteligente que o Biel puique eu nem estou no 2º ano e já sei responder mais que ele.”

Mais, uma vez, eu fiquei com aquela mesma cara de tacho que vocês já devem imaginar de tanto que aqui descrevi.


Crianças são bobas? Boba sou eu...

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

ALONGA OS MEUS CÍLIOS?

Também narrado pela minha irmã Elizane, em 30 de Agosto de 2014.


Hoje logo pela manhã minha linda sobrinha Rebecca chega a minha casa:


- Tia, alonga os meus cílios.

-Por que eu tenho que alongar os seus cílios?-pergunto toda segura...

-Porque eu sou uma mulher que corre atrás da beleza!!!
Eu posso com isso??? Fala sério!!!!


Tenho certeza que muitos não vão entender porque dar tanto destaque a algo tão comum do cotidiano a ponto de postá-lo em um blog.

Para mim é muito satisfatório saber que estou conseguindo trabalhar a auto estima da Rebecca ao ponto de fazer com que ela se torne a garotinha tão segura que é. Além disso minha irmã tem contribuído muito para que ela seja uma menina vaidosa e, como ela mesma diz: "super fashion".

Criar/educar uma menina com tantas sequelas de queimaduras, foi o maior teste de amadurecimento que Deus poderia me dar! O simples fato de não ter uma auto estima nas alturas (pelo contrário, ela é bem baixa) e também não ter nenhum pouco de vaidade exigiu que eu repensasse certas "coisinhas" na minha maneira de agir. Como fazer com que uma criança consiga ser tão segura de si mesma a ponto de se aceitar mesmo quando sofre rejeição/preconceito de outras crianças e, o que é pior ainda, de tantos adultos?

Nessas horas é preciso aquietar o coração e pedir que Deus oriente cada gesto seu, que Ele coloque cada palavra de sabedoria em seus lábios. Se eu tinha dúvidas em relação a maneira como estou preparando minha pequena Rebecca para a vida, agora não tenho mais! Esses pequenos gestos são a prova de que estou transmitindo a ela minha garra, determinação e, sobretudo, que temos que ser quem somos, sem a preocupação com o que o outro vai pensar.

Ah, caro leitor, minha irmã tem uma parcela importante na história. Como não sou nem um pouco feminina ou cheia de "fru frus" é ela quem mima minha filha com esmaltes, estojos de maquiagem, adesivos para unhas, brilho para os lábios, etc, etc, etc.




Sim, concordo, é um fato isolado, mas merece sim ser exposto porque é o motivo da existência do Blog: conscientização, esclarecimentos sobre o universo da adoção, mas também a troca de experiências com pais sobre a edução de seus pequenos.

Adoção não é um bicho de 7 cabeças nem um conto de fadas. Adotar uma criança "diferente" também não é trazer um problema para o resto de seus dias nem faz de você a Mulher Maravilha.

A mensagem que quero deixar no post de hoje é que devemos preparar nossos filhos para a vida, por mais piegas que a frase possa soar. Nossos filhos devem ser preparados para sofrer rejeições, decepções e tantos outros inúmeros golpes que a vida irá tramar. Tudo deve ser trabalhado de forma madura, moldando a criança para que ela seja segura de si  e acredite em seu potencial, a ponto de levantar sozinha a cada rasteira que sofrer.

Eu poderia criar a Rebecca dentro de uma bolha, só fazendo elogios, protegendo-a de todas as pessoas que poderiam um dia vir a magoá-la. Diferente disso, conversamos muito sobre o fato de ser "diferente", aceitando que não há problema algum em ser diferente! O importante é saber amar a si mesmo e exigir respeito do outro.

E, ao que tudo indica, ela está tirando de letra, não é?





quarta-feira, 22 de outubro de 2014

VASSOURA DE CONDÃO

Era 31 de Agosto de 2014, 22h19min.

Depois do jantar, de tanto as crianças insistirem, dou tarefas a serem cumpridas:

"Um limpa a mesa e o outro o chão enquanto eu lavo a louça, OK?" - disse com voz bem autoritária.

O Gabriel correu e pegou a vassoura, e eu continuei:

- Mas eu quero o chão brilhando!!!

O Gabriel solta a vassoura e diz calmamente:

"Ah, mamãe, assim não dá... Mas nem se eu fosse uma fada! Eu tenho uma vassoura e não uma varinha de condão"

Eu? Oras, fiquei com cara de tacho!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

LEGALIZE JÁ???

Pára tudo! Pare o mundo se preciso for! Por favor, parem porque eu preciso descer no próximo!
Sinto que a cada dia que passa as pessoas estão cada vez mais perdendo a noção dos valores e, principalmente dos seus direitos e deveres, que implica diretamente no respeito ao próximo.
Não é de hoje que o tema “Legalização da Maconha” tem aberto grandes discussões, mas não estou aqui para falar da legalização, seja para defendê-la ou desaprová-la. Sei que desde que comecei a escrever no Blog, minha única intensão era compartilhar experiências com pessoas que tem medos e dúvidas em relação à adoção, descrevendo o meu cotidiano com meus filhos e também postar matérias que envolvessem todo e qualquer assunto relacionado à criança e sua educação. Mas, como tive meu direito violado, me sinto na OBRIGAÇÃO de compartilhar um momento muito desagradável que passei com meus filhos no último domingo, 05 de Outubro, dia de votação.

O Artigo 5º da nossa Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, é bem claro quando descreve que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. Oras, se somos todos iguais, o direito de um vai até onde o direito do outro começa. Então por que “uns são mais iguais que os outros”*.

 Depois de ter anulado meus votos, parei com meus filhos em um parque de bairro, pequeno, mas bem organizado e com boa estrutura para que eles pudessem fazer coisas de criança: balançar, utilizar a gangorra, gira-gira, escorrega. Não era a única mãe com seus filhos. Principalmente por ser domingo, muitos casais estavam com seus filhos aproveitando aquela manhã tão linda. Mas, parece que nada pode ser perfeito, porque sempre tem alguém que pensa apenas em si mesmo sem respeitar quem está ao lado. Com a maior naturalidade, 3 pivetes (duvido que algum tenha mais que 18 anos) se sentaram ao meu lado e começaram a “bolar” um baseado. Não bastasse, acenderam e fumavam como se estivessem no sofá de suas casas.

Não havia nem 15 minutos que meus filhos tinham começado a se divertir e, por conta de uma raça sem educação, tive que leva-los pra casa em meio a tantas interrogações:
“Mas, mãe, a gente acabou de chegar. Por que já vamos” – comentava o Gabriel.
“Pui que a gente tem que ir? Eu quero ficar!” – reclamava a Rebecca.
“Mãe, só mais um pouquinho, por favor!” – pedia o Gabriel.

E lá fui eu embora, praticamente arrastando meus filhos, tristes e emburrados, dando desculpas esfarrapadas para explicar o motivo pelo qual estávamos indo para casa.

Não quero entrar na esfera da discussão de legalizar ou não a maconha muito menos falar que os maconheiros em questão eram menores de idade. Cada um da sua vida o que bem quer. Todos temos o direito de ir e vir, mas, por favor, não posso aceitar que 3 imbecis comecem a fumar maconha ao meu lado e, principalmente, num ambiente totalmente familiar, na frente dos meus pequenos. Quer fumar, fume!!! Você é livre pra isso!!! Mas não invada meu espaço!

Legalizar pra que? O povo já tá fazendo o que bem entende sem respeito algum. Fico imaginando de legalizarem.

Queimem seus baseados em SUAS casas, em SEUS quintais, em SEUS quartos, em SUAS salas de estar, com SEUS amigos, com SEUS pais, com SEUS parentes, com SEUS filhos, com SEUS animais de estimação! Não invada um espaço público tão pouco venha ferir meus direitos e dos meus filhos!!!


* Trecho da música “Ninguém = Ninguém”, da banda Engenheiros do Hawaii. Composição de Humberto Gessinger.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

POR QUE O MILHO VERDE É AMARELO?

Sábado foi dia de pizza em casa. Pedi ½ 4 Queijos, ½ Milho Verde.


40 minutos depois o pedido chegou.

Crianças à mesa, talheres, pratos, refrigerante e copos.

Ao abri a tampa, fiquei aguardando que cada um fizesse a escolha do sabor. 

Eis que a Rebecca levanta-se, aproxima-se da pizza quase ao ponto de entrar na caixa e fala em tom alto e ríspido:

“Mama mia, liga pra lá e pede pra trocar uigente!”

“Por que?” – perguntei espantada.

“Você pediu milho veide e mandaram o milho errado. Esse milho é amarelo! Estão te enganando!”

Não consegui disfarçar e caí na gargalhada.

Imaginem agora o malabarismo e contorcionismo para tentar inverter a situação e convencê-la de que o milho verde ganha esse nome não pela cor e sim pelo estágio de maturação!

Como tirar a razão de uma criança que, de certo modo, estava totalmente certa?

Alguém se arrisca?

Eu não...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

SÓ DEPENDE DE VOCÊ


Pra você que está aí, triste e chateado ou nervoso e berrando aos quatro ventos que está na fila de espera para adoção há anos e que há muita burocracia... leia os parágrafos a seguir e reflita...

Já pensou em abrir o perfil da criança escolhida?

Se deu a chance de que ela seja negra, mulata, parda, mestiça, ruiva, azul, verde, amarela ou de qualquer outra cor?

A remota possibilidade que ela possa ter um irmão já passou pela sua cabeça? Já pensou em não separá-los?

Por que seu desejo de ter um recém nascido é tão enorme? Será que a sensação de ser feliz com uma criança mais velha não é o suficiente?

Já sei! Você cresceu, mas ainda mantém acesa a mesma velha esperança de quando brincava de casinha onde os papais e mamães nunca brigavam e as crianças eram perfeitas? Ou seu sonho de ser rainha com seu rei e ter uma linda princesa e um príncipe encantado ainda é latente?

Deseja mesmo adotar crianças ou bonequinhas de porcelana?
Imaginou a possibilidade de adotar crianças reais, de verdade, que sejam de carne e osso,
que tenham algum tipo de sequela, deficiência ou que sejam apenas diferentes?


Eu sei, perguntas difíceis de responder, né? Afinal de contas, você só está pensando na criança e não única e exclusivamente si próprio, para satisfazer seus desejos, seus egos, suprir suas frustrações pessoais e ser apontado como o bom samaritano daqui alguns anos, não é mesmo? 


Se as perguntas acima mexeram com você, sugiro que pare mais alguns minutos (quem sabe até horas) e responda sinceramente: 

Tem certeza que você está realmente preparado para adotar?

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014

Domingo, 05 de Outubro.

Eleições 2014.

Levei as crianças pra votar comigo.

Ao entrar na sala Dona Rebecca grita:

"Mãe, vota na Marina!"

"Por que?" - pergunta o mesário.

"Puique ela rouba só um pouco. A Dilma rouba um montão sem fim."

"O voto é segredo! Não pode falar! - advertiu o mesário em tom de brincadeira.

Ela então olhou para os lados e sussurrou pra mim:

"É Marina, mamãe! Não esquece..."



Não sei de onde ela tirou isso, já que nunca falei sobre nenhum candidato perto dos meus filhos.

Meu voto foi nulo. 

Mas as palavras da Rebecca não saíram da minha mente. Não porque fiquei abalada e pensando que poderia ter mudado meu voto, mas por um simples fato: como ela se envolveu com o assunto de eleição, corrupção?

Claro, você deve estar pensando que ela assistiu TV ou ouviu alguém comentando. Mas o cotidiano das minhas crianças se resumem a escola e a programas totalmente infantis. A única adulta dentro da minha casa sou eu e não assisto nada com eles por perto (até porque eu odeio TV). Eles não tem acesso à internet, não mexem no meu celular, nunca assistiram um horário político, telejornal... novela então, fora de cogitação! Fora eu, eles só tem contato com adultos na escola, com minha irmã e meus pais. Minha família não fala sobre política, independente de estarem perto ou longe das crianças. A escola não abordou o tema, pelo menos que eu saiba.

Como ela pode mencionar: "Vota na Marina!" com tamanha naturalidade? E mais: por que só a Rebeca? Porque o Gabriel não?

Crianças...


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

CHICOTE DE BUANDA

Era a manhã de domingo de 28 de Setembro de 2014.

Gabriel e Rebecca decidem brincar no corredor.

Enquanto arrumam os brinquedos, ouço Rebecca cantando por repetidas vezes:

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar

Cantando coisas de amor


O “farofeiro” que contava vantagem parou

A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem...

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar

Cantando coisas de amor

  A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor


Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor...

Não aguentei e me aproximei.

“Becca, onde você aprendeu essa música?”

Ela arregalou os olhos porque não imaginava que eu estivesse a ouvi-la.

“Não se preocupa puique não é funk!”

“Eu sei que não é funk, mas onde você ouviu essa música?”

“Oras, no balé. A gente tá aprendendo essa música para a apresentação. E fica tranquila porque não é funk. No balé a gente só aprende coisas boas, de classe e coisa de gente inteligente. Minha prô Isabella falou que o nome do cantor é Chicote de Buanda.”

Segurei a gargalhada:

“Chico Buarque de Holanda.” - corrigi.

“Você conhece?” – ela ficou espantada.

“Claro que conheço. Eu gosto de algumas músicas dele.”

“Minha prô Isa falou que ele é inteligente, que escreve música, livro e escreve até pro teatro, você sabia?”

“Sabia, sim. O Chico Buarque é muito inteligente e muito importante para a história do nosso Brasil.”

“Eu quero conhecer o Buanda.”

“Chico Buarque de Holanda, Becca.”

“Ah, o nome dele é muito grande. Eu quero conhecer ele e assistir um teatro dele.”

“Ah, é? E por que você quer conhece-lo?”

“Puique minha prô falou que ele tem os olhos lindos como os meus...”

"Mas ele tem olhos azuis. Os seus são verdes."

"Não impoita! É lindo igual o meu!"

Eu fiquei com a cara de tacho pela milionésima vez.

Modesta a minha filha, não acham???

Cá entre nos, que Deus permita que a auto estima dela esteja sempre assim, nas alturas.




quinta-feira, 25 de setembro de 2014

R DE RATO ou R DE REBECCA?

O post de hoje é curtinho...

O fato abaixo foi narrado pela minha irmã Elizane, chamada carinhosamente de Tia Cheche pelos meus filhotes.

Eu, alfabetizando minha sobrinha Rebecca:

"Becca, que letrinha é essa?"

"R de Rebecca." diz ela

"Mas rato também começa com R".

"Não começa não!!!" diz ela com raiva

"E por que não?"

"Porque o rato é fedido e eu sou cheirosa!!!"