sábado, 15 de outubro de 2011

AOS MEUS MESTRES, COM CARINHO




Já fiz muitas escolhas em minha vida. Muitas delas foram erradas e só me frustraram; algumas me levaram a lugar nenhum; outras só atrasaram os meus passos ou fizeram com que eu retrocedesse.



Ter o Gabriel e a Rebecca na minha vida também foi uma escolha. Não posso prever onde vou chegar ou qual a velocidade dos meus passos, muito menos se vou me frustrar. Mas uma certeza eu já tenho: foi uma escolha CERTA.



Por quê?



A cada dia eu me transformo e já sinto que sou um ser humano melhor. E ser um ser humano melhor, para mim já basta.

Obrigada, Biel e Becca, por essa revolução em minha vida!

Obrigada por me ensinarem mais e mais a cada dia! 













AMO VOCÊS!!!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

NOMES NOVOS

Acho que, se tudo der certo, consigo encerrar neste post o Dia 23 de Dezembro.


Tudo sobre controle, também aproveitei para brincar com o W no chuveiro. Acho que ficamos quase uma hora nos divertindo, brincando, cantando...

A Y dormia quando entrei com o W no quarto para trocá-lo. Aproveitei nosso momento a sós para dar uma notícia nova. Estava tensa, pois se quer imaginava como ele reagiria.
- Hoje é um dia legal, né, W? É seu aniversário, você ganhou uma casa, uma mamãe...
- Uma vovó também... - ele me interrompeu.
- Claro, uma vovó! Ganhou coisas muito importantes: uma casa, uma família e um lar. E que tal ganhar um nome novo?
- Nome novo?
- É. A partir de agora você irá se chamar Gabriel.
De W para Gabriel para Gabiel - Futuro Biel
- "Gabiel"? - ele sorriu.
- Sim. Gabriel. O que você acha?
- Eu não vou mais chamar W?
- Não. W é nome do passado. Você está ganhando uma vida totalmente nova. Nada melhor que um novo nome.
- Gabiel, Gabiel... hmmm... - ele parecia pensativo.
- Me diz, gosta? Ou você quer ser o W?
- Hum... eu quero ser o Gabiel!!!
Nossa, tinha sido mais fácil do que eu pensava! Os olhinhos redondos e negros brilhavam e o sorriso deixava os pequenos dentes à exposição.
- Opa, que bom que você gostou! E a sua irmãzinha não será mais Y. A partir de agora o nome dela será Rebecca.
- "Uebecca"?
De Y para Rebecca para Uebecca - Futura Becca, Bebecca
- Rebecca. Que tal?
- Legal também.
- Então a partir de agora eu vou chamá-los de Gabriel e Rebecca. E quando alguém perguntar qual é o seu nome, o que você vai responder?
Ele ficou pensativo. Colocou a mãozinha no queixo e respondeu:
- "Gabiel", ué!
- Muito bem, filho!
- Filho? Não é "Gabiel"?
Não pude evitar de rir.
- Você é meu filho. E você se chama Gabriel. O Gabriel é o meu filho. Entendeu?
- E a Y, quer dizer, a "Uebecca" é seu filho também?
- Não. Ela é minha filhA porque é menina. Você é filhO porque é menino!
- E você?
- Eu sou sua mamãe e da Rebecca também. Meu nome é Elaine.
De Elaine para Mamãe para Enane
- "Enane"?
- Exatamente.
- Então agora é "Gabiel", "Uebecca" e "Enane"?
- Isso mesmo! Muito bem!
- Então eu não posso falar mais W? E também não posso mais falar Y?
- Isso...
- Eu tenho que falar "Gabiel" e "Uebecca"?
- Muito bem!
Ele ficou quieto e envergonhado.
- E mamãe é como? Eu esqueci.
- Elaine.
- Ah, é mesmo! "Enane".
- E como a "Uebecca" vai saber se ela tá "dumino" (dormindo)?
- Ela aprende com o tempo... ela vai crescendo e vai aprendendo.
Terminei de vestí-lo e notava que o sorriso não saía dos lábios dele. A primeira coisa foi pular no chão e começar a mexer em tanto brinquedo, tanta peça, tanta coisa!


Dona Flor ficou fazendo companhia a ele enquanto fui tomar banho.


Chegou outra preocupação: onde dormir? Precisamos ficar os 3 juntos, mas como? Só havia à disposição 3 camas de solteiro e em quartos separados. Não havia outra escolha: eu colocaria 2 colchões de solteiro no chão e dormiria na cama. Logo, não havia problemas com quedas e haveria bastante espaço para eles se mexerem, rolarem.
Quando voltei ao quarto, o Gabriel correu em minha direção:
Dona Fô - a Flor de nossas vidas
- Mamãe, você sabia que a vovó se chama Dona "Fô"? Eu contei pa ela do meu novo nome e ela falou que o nome dela é "Fô". Você sabia, mamãe?
- Nossa, é verdade? Que legal! - o abracei ao mesmo tempo em que o pegava no colo. - Que dia legal, né, Gabriel? Que dia mais feliz!!! Você descobrindo e aprendendo tantas coisas!!!


Relaxada após o banho não pude conter a emoção de ter uma criança no meu colo e poder chamá-la de filho. Um emaranhado de pensamentos tumultuavam a minha mente, mas naquele momento eu aproveitei para sentir aquele corpo quente em volta do meu e o cheiro de bebê que ele exalava. As lágrimas desciam pela minha face sem controle... eu tinha medo do dia seguinte, mas amava aquele momento. Tudo era estranho demais, porém a emoção de ser chamada de "mamãe" apaziguava os ânimos. Tanto o Gabriel quanto a Rebecca já dependiam de mim, era fato. Mas eu ainda não havia me dado conta que eu também já começava a depender deles. O melhor disso tudo? Ah, não tenham dúvidas: havia a aceitação incondicional e o amor inocente dos dois, sem cobranças mesmo que não tivéssemos nenhum vínculo biológico, de sangue, DNA ou umbilical. Nosso vínculo era ingênuo, puro e totalmente espiritual.


Lembro-me que arrumei o quarto ainda com muitas lágrimas nos olhos. Coloquei a pequena Rebecca num dos colchões. Improvisei um abajur e pedi para que o Gabriel se deitasse, mas ele queria ficar ali, brincando. Então me deitei e pensei: bom, uma hora o sono dele chega e ele adormecerá. É muita emoção para uma criança. Provavelmente eu não durma de tamanha ansiedade, mas ele será vencido pelo cansaço, com certeza. Já se passava das 22hs e imaginei que muito em breve ele acabaria cedendo.
E eu esperei, esperei, esperei...
Cochilei. Acordei. Ele ainda acordado.
Esperei, esperei, esperei...
Passou-se uma, duas, três horas.
Esperei, esperei, esperei.
E as horas continuavam passando.
Rebecca e Gabriel - Primeira Noite em Casa
Então, às 3h37min da madrugada vi meu filho, que agora era Gabriel e não W, dormindo sentado. Levantei-me e o coloquei no colchão, próximo à minha filha, que agora era Rebecca e não Y. Agora também existia uma Elaine, que não era mais Nane... era simplesmente e adoravelmente Mamãe.
Deite-me. Apaguei a luz. 
Para mim o dia 23 de Dezembro acabava ali, mas na verdade já estávamos no dia 24 de Dezembro.

Continua...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

NOVA MÃE, NOVO LAR, FILHOS! HEIN?



Estava voltando do supermercado. Parei frente ao portão, procurando a chave para abrir o cadeado e pude ouvir muita conversa e confusão. E pensar que até o dia anterior era o silêncio que predominava naquele lar. Eu podia ouvir os gritos e gargalhadas do W correndo pelo quintal, feliz e livre. Liberdade. Creio que era isso que ele sentia. A trilha sonora ao fundo não poderia ser outra; quando entrei em casa: choro, choro, choro e mais choro da Y.

- Ainda bem que você chegou! Nossa, a fralda dela está ensopadíssima. Essa menina vai ficar assada. Precisa de banho logo. - Dona Flor parecia tão ou mais angustiada que eu.
Coloquei as compras sobre a mesa e peguei a Y no colo. O W já entrou abrindo as sacolas e eu só ouvia aquela sinfonia interminável de: "O que é isso? E isso daqui?"
Sinceridade? Eu não tinha ânimo algum para explicar o que era cada um daqueles itens. Estava cansada, confusa e transpirava muito. Apesar da tempestade ter refrescado o início da noite, provavelmente a sensação térmica beirava os 28 graus.
- Vai dar banho nela que eu converso com o W enquanto guardo as coisas.
- Mãe, agora eu lembrei que não vi banheira. E agora?
- Banheira pra quê? Já já ela cresce e você não vai mais usar. Dá banho na bacia, oras! E com esse calor dá até para dar banho no tanque. Só não dou conselho porque os dois estão com o peito muito cheio. Precisamos depois levá-lo ao pronto socorro. Vamos, filha, coragem! Pega a bacia e dá um banho morninho nela, talvez até acalme a coitadinha. Ela está muito agitada e impaciente. 
Dona Flor é demais! O que seria de mim sem essa mulher brava, valente e guerreira? Ela parecia ter todas as soluções nas mãos e agia com uma paciência invejável. Eu, a mãe da casa agora totalmente perdida e Dona Flor, agora a vovó, pulso firme, concentrada e administradora nata, gerenciando tudo e todos.
E eu fui atrás da bacia de lavar roupas. Levei-a até o banheiro e deixei que ficasse quase cheia de água. Não se iludam... a Y continuava chorando. Tirei a roupa dela. Nossa, que fralda pesada! Quanto xixi!
Y - Primeiro Banho em Casa

Pude então registrar o primeiro momento feliz da minha pequena Y: o choro parou instantaneamente, os olhos cinzas brilharam e um sorriso formou-se em seus lábios - ela descobrira a bacia cheia d´água. Ali, no banheiro, eu vi claramente o que é felicidade de pobre. Assim que a coloquei dentro da bacia o mundo transformou-se para ela. Não tinha brinquedos nem o patinho de plástico, mas eu comprara uma esponja do Bob Esponja e aquilo a divertiu demais. Despejei um pouco de shampoo "sem lágrimas" e ela olhava encantada para a espuma que se formava. Que metamorfose! De onça virou golfinho!
Naquele momento senti o cheiro de mãe. O banheiro todo exalava perfume de bebê; tudo era delicado, gostoso... e ver a Y se divertindo com água e espuma era tão gracioso! Foi um longo banho. Brinquei bastante com ela e senti que estava ficando mais segura e mostrando reciprocidade. Enquanto isso observava a pele dos braços, rostos e muitas cicatrizes de cortes, cirurgias, provavelmente sondas... aquilo me afetava emocionalmente, mas a gargalhada espontânea e inocente dela só me fazia ficar cada vez mais apaixonada!
O banho acabou e então eu pude observar uma criança calma, dócil mas ainda insegura. 
Mal sabia eu que logo viria uma parte tão ruim quanto todas as outras: "Como se coloca a fralda?" Fiquei observando por muitos minutos e tentando resolver uma equação. Para me ajudar, a Y não parava quieta; se mexia, sentava, rolava... mas pelo menos não chorava. Ah, não teve jeito... pedi socorro à Dona Flor, porém, dessa vez fui desapontada.

- Ah, filha, a última fralda que coloquei foi em você há quase 30 anos atrás. E ainda era fralda de pano e calça plástica. Nada de talco... usávamos maisena. Faz assim... eu seguro ela e você tenta colocar.
Hein? Maisena? Calça Plástica? Tá, fralda de pano eu conheço... 30 anos? Nossa, tô ficando velha mesmo!
Peguei a embalagem e revirei de ponta cabeça. Para minha decepção, não havia "manual de instrução" tão pouco "modo de usar". Lascou! E agora? Seja o que Deus quiser! E... "Vai, mãe, segura assim... ih, não tá dando certo... o que eu faço com essa faixa? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!! Inexperiência é  só o que você precisa para transformar sua vida em um caos. De tudo de errado que comprei, o pior foram as fraldas. Tive a infelicidade de optar por uma fralda cretina que nada tinha de prática. Não havia os fechos laterais, na verdade a fralda acompanhava 3 faixas laváveis em velcro, que você passava em volta da cintura do bebê, por cima da fralda e fechava conforme a necessidade. E conseguir deixar um bebê imóvel para era façanha? Uma, duas, três... lá pela vigésima vez, depois de muito xingar e sentir o suor escorrer pela minha face, finalmente eu conseguia colar, ajustar, fechar... às vezes deixava larga demais, às vezes só faltava cortar a Y ao meio de tanto que apertava. Diacho de fralda!!! 
Quer situação pior? Prestem muita atenção: haviam 24 unidades de fraldas descartáveis para APENAS 3 faixas de velcro lavável. Ou seja, as faixas DEVERIAM ser reutilizadas. E quando eu tirava a fralda e esquecia de retirar a "bendita" faixa de velcro e jogava tudo no lixo? Tá pensando? Adivinhou, né? Isso mesmo: revirar o lixo, procurar a fralda, abrí-la, retirar a faixa e lavá-la. Quando a fralda estava apenas com resíduos de xixi, ainda era suportável... e quando a fralda estava premiada com fezes, cocô ou o nome que vocês queiram dar??? Logo no primeiro pacote, fiquei traumatizada. Desculpem, leitores, não vou dizer a marca e/ou fabricante... é bem provável que o problema estivesse comigo e... apenas COMIGO! Mas, ainda bem, os próximos pacotes não eram da mesma marca. Puxa, ninguém merece! Enfim, passou. Mas eu ainda tenho vontade de escrever um post à parte só para falar da desastrosa experiência com a fralda. Ah, claro, não poderia deixar de relatar que, óbvio, não comprei pomada contra assadura! Básico, né?
Terminada a missão impossível de colocar a fralda num bebê, segui caminho para dar banho no W.
Dona Flor e Y - Primeira Refeição em Casa


E, Dona Flor, séculos à minha frente, já havia preparado a papinha da Y. Naquele momento eu gelei. Por que? Oras, mais choro, mais escândalo, mais gritaria. Nãããããão! 
Por incrível que pareça o momento da refeição foi tão ou mais feliz que a hora do banho. Até hoje não sei quem se divertia mais, se era a Y ou a Dona Flor. Sei que ouvia as gargalhadas das duas lá do banheiro. Ah, como isso me acalmava! 


Continua...