Vou começar a contar, aos poucos, como foi o processo de adoção pelo qual passei. Não quero me apegar à uma sequência cronológica, mas sim aos fatos marcantes, sensações, dúvidas, medos e tantos outros sentimentos que senti. É o que verdadeiramente importa e que desejo compartilhar com vocês que tem lido minhas postagens neste blog.
Talvez eu não consiga descrever detalhadamente cada situação até porque quando tudo começou a acontecer, fiquei fora de mim, angustiada, surpresa e perdida como se, de repente, eu vivesse uma outra vida que não era minha (eu não estava pronta para tudo tão rápido), mas, quero que saibam que todos os fatos relatados são reais.
Bom, vamos lá... boa diversão!
"Era uma vez uma garota chamada Elaine, que, como todas as outras garotas tinha alguns sonhos. Porém, diferente de muitas garotas, ela não sonhava com fadas, príncipes encantados nem castelos; o sonho dela era bem diferente.
Conta a história que desde os 8 anos de idade, essa tal de Elaine, vivia falando para mãe dela que nunca a deixasse engravidar (como se ela fosse responsável por isso) porque nunca, jamais, ela queria ter um filho... ela queria cuidar de uma criança que não tivesse casa nem pai ou mãe nem roupas ou comida. Como era de se esperar, a mãe dessa tal Elaine, uma tal Dona Flor, ouvia a menina, sorria e esquecia! Oras, era coisa de criança!
E a Elaine foi crescendo. Sempre com muitas dificuldades. Nada era fácil para ela.
Quando a tal Elaine completou 13 anos começou a passar por problemas da idade: a não aceitação social. E isto fez dela uma garota muito introspectiva; tinha vergonha e medo de tudo e todos. Não demorou muito e ela foi diagnosticada com depressão. Foram feitos 5 anos de terapia até que descobriu-se que não eram distúrbios emocionais. E ela foi encaminhada para psiquiatria, onde começou um tratamento a base de calmantes e antidepressivos porque seu cérebro não produzia a quantidade mínima de serotonina.
Mas isso não fez com que a tal Elaine deixasse de lutar. Concluiu o Ensino Médio, que naquela época era o colegial. Mas aí o destino pregou outra peça: ela ficou observando à distância seus colegas de sala irem para faculdades e ela teve que ficar à distância, já que seus pais não tinham condições para pagar seus estudos universitários.
E ela foi à luta... entre um emprego e outro, finalmente conseguiu um que lhe pagava exatamente o valor da mensalidade em um universidade... e ela não hesitou: fez vestibular, passou e matriculou-se. E todos à sua volta diziam: "Vc é louca! Vc nunca via conseguir!"
Realmente ela foi louca... durante 4 anos ela não comprou roupas nem sapatos... tudo que ganhava era para pagar a faculdade. Longos 4 anos que pareceram 4 décadas. Mas ela conseguiu! No último ano da Faculdade conseguiu estágio em uma multinacional e a remuneração era um pouco mais que a mensalidade... aí, aos poucos, ela foi trocando as roupas velhas e surradas por terninhos e os tênis totalmente gastos por sapatinhos de salto. Ela conseguiu até fazer formatura!
Passado seis meses de estágio, logo ela foi efetivada e começou a ter um salário melhor, claro, não alto já que estava começando na área. Mas, desde então ela logo pensou: agora é a hora de começar uma poupança porque eu vou adotar 2 crianças. E preciso falar? Lá veio todo mundo novamente: "Você é louca! Nunca vai conseguir!" Mas ela fingia não ouvir e seguia o seu caminho.
E ela decidiu especializar-se para poder pleitear um cargo melhor com salário melhor... e encarou a pós graduação, que, era praticamente 85% do seu salário. E mais vozes: "Você é louca! Nunca vai conseguir!"...
E ela conseguiu. Especializou-se e conseguiu um novo cargo numa outra empresa, apesar de 100% nacional, muito maior do que a multinacional.
"Agora é hora de comprar meu terreno e começar a construir minha casa para receber meus filhos."
"Então, a hora é essa! Como a adoção leva em média 4 anos para acontecer, vou dar entrada em todo o dossiê. Quando as crianças chegarem, minha casa já estará pronta!"
E mais vozes: "Você é louca! Nunca vai conseguir! Adotar 2 crianças e ainda por cima solteira??? Loucura! Se com um pai já é difícil, imagine sozinha!"
E, como se imaginava, ela não deu ouvidos. Procurou informações no Fórum, entregou todos os documentos solicitados, passou por entrevistas e reuniões com assistentes sociais e psicólogas até que em Março de 2009 recebeu aprovação.
E a vida, aquela caixinha de surpresas, deu um duro golpe na Elaine. Em Junho de 2009 ela foi demitida porque o seu departamento passou por reestruturações.
Eis que, em Dezembro de 2009 (ainda desempregada) e exatamente 9 meses depois da aprovação da adoção, o Fórum ligou e disse que tinha um casal de irmãos para que ela os conhecesse e decidisse se queria ou não ficar com eles. Ainda na dúvida (ainda estava desempregada e a casa sem terminar) ela foi conhecê-los num dia 17 de Dezembro."
Continua...


Não tenho palavras pra descrever meu sentimento de admiração a sua história. Realmente não é de conto de fadas, é muito melhor, porque é real, verdadeira e inspiradora! Não me canso de parabenizá-la. Atualmente vivo muito do que viveu quanto à questão de dizerem que é loucura... Tenho falado aos poucos, primeiramente para os parentes e amigos mais íntimos que dei entrada no processo de adoção. Já ouvi cada coisa, a última foi, por que você não faz inseminação e tenha um 'filho seu' e mais absurdos como este. Eu não dou ouvidos. Pra uns, até respondo, pra outros, ignoro! É isso! Beijos!
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