Após praticamente 6 anos, consegui tirar 10 dias de férias e
fugi 4 dias de São Paulo.
6 anos seguidos sem férias. Tive férias apenas 1 vez, mas
foi num período conturbado, onde a minha pequena Rebecca estava em situação de
observação devido a cirurgia.
Após muitas contas e cálculos decidi que meus filhos e eu
merecíamos viajar, conhecer um lugar novo, nos divertir. Em quase 6 anos
juntos, seria nossa segunda viagem juntos. Poderia até dizer que era a
primeira, pois viajamos em meados de 2010, quando eles tinham 2 e 3 anos e não
havia nenhuma recordação.
Tudo corria muito bem. Crianças eufóricas, curtindo cada
minuto ao máximo. Eu estava simplesmente encantada, boba, babona por ver os
olhos dos meus pequenos brilhando, vivos e atentos, sem contar o sorriso longo
e largo que não saía dos lábios deles e, consecutivamente, dos meus. Vê-los
entrar no hotel e capotar num sono profundo era a garantia que tudo estava
valendo a pena e que eles guardariam a experiência por toda a vida.
Mas, como não poderia deixar de ser, Rebecca tinha que
soltar uma de suas pérolas para fazer aquele momento de férias inesquecível,
mesmo que de uma maneira não tão boa.
Estávamos na praia. Eles corriam pela areia e se jogavam na
água. Eu parecia uma louca, correndo de um lado para outro, berrando: “Não tão
longe! Mais pra cá! Cuidado!”
Depois de quase uma hora dentro da água e, quando eu
finalmente estava menos afobada, notei que a Rebecca saía da água e veio em
minha direção a me observar dos pés a cabeça:
“Mamamia, eu descobri porque você não arruma namorado.”
Respirei fundo e fechei os olhos. Seja lá o que fosse dito,
sabia que seria ousado.
“Eu tava olhando e você tá assim meio esquisita! Por que
você não fala com minhas doutoras – se referia à Dra Giovana Giovani e Dra Ana
Paula Iervolino – e pede para elas arrumarem sua barriga, seu peito e suas
pernas? Sabia que elas conseguem fazer qualquer um ficar bonito?”
Não tive reação. Apenas olhei para os lados. Ufa! Praia
vazia. A pessoa mais próxima estava a pelo menos 400 metros de distância.
Minhas bochechas começaram a queimar e, por certo, estavam avermelhadas. Ao
mesmo tempo em que me vieram mil palavras à boca, não soube o que falar.
“Rebecca Mariamne! Já pensou em cuidar da sua vida?” – disse
eu subitamente.
Ela me olhou nos olhos e a expressão facial foi de total
desaprovação.
“Estou falando para o seu bem, mas se fosse quer ficar
assim, tudo bem! Eu não falo mais nada...” – e saiu pulando, tão feliz quanto
veio, indo ao encontro de uma onda.
Infelizmente não consigo até hoje descrever como me senti
diante de tal situação. Uma mistura de riso com choro, alegria e mágoa.
Milhares de situações passaram pela minha frente, centenas de propagandas de
dietas milagrosas com modelos magérrimas ou com as “musas fitness”, lembrei
pelo menos de meia dúzia de academias na minha região.
E confesso que se eu não
fosse tão de bem comigo mesma e se não tivesse trabalhado bastante minha mente
para aceitação do meu corpo, no mínimo teria me vestido. Mas não, continuei de biquíni e continuei
exposta ao sol. Sentei na areia e comecei a gargalhar sozinha... essa é minha
filha... sinceridade em pessoa... até demais.
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